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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Resenha do Livro: Por Lugares Incríveis (Jennifer Niven)

Theodore Finch é um jovem garoto esquisito e que costuma ser o estranho no colégio. Faz as coisas que lhe vem a mente e não liga para o que os outros falam. Enquanto que Violet Markey costumava ser a garota popular da escola, bem extrovertida e alegre até a morte de sua querida irmã em um acidente de carro. Os dois, como podem ter percebido, são completamente diferentes, mas acabam se conhecendo através da tentativa de suicídio no alto da torre do sino do colégio. O livro começa com Theodore e Violet em cima do parapeito da torre da escola para cometerem suicídio. Theodore Finch já estava lá quando Violet chegou. Visto isso, Theo se viu no dever de salvar aquela garota, e "vigiá-la" depois disso para que não tentasse fazer de novo. E o pior é que, por ideia de Finch, Violet sai como a heroína que salvou Theodore “Aberração” de um suicídio na torre do sino da escola. E isso fica entre os dois.

Em um trabalho de Geografia, eles se juntam para falar sobre todos os lugares incríveis do estado de Indiana. E assim eles passam por vários lugares juntos e sempre deixando uma marca deles no local. Theodore sofre do que ele chama de “apagões” que costumam durar muitas horas, mas no final do livro é explicado o que são esses “apagões”. Esse foi o principal motivo que o levou à tentativa de suicídio. Ele sempre pensava em maneiras de como se matar (mas sem ter realmente a intenção de fazê-lo).

Tudo em sua vida muda quando conhece Violet naquele dia. Ele começa a ter prazer pela vida e sempre pensa no amanhã como mais um dia em que verá Violet. Os dois passam muito tempo juntos e os sentimentos de Theodore passam a ser correspondidos.

O livro é incrível, a trajetória de Violet e Theo por vários lugares de Indiana faz-nos sentir o que estão sentindo. E as histórias contadas por Theo, mentira ou não, acabam tornando-se incríveis quando tem algo a nos passar.

Querendo ou não, é passado uma visão de como as pessoas importam-se com outras. E quando ocorre uma tragédia, como lidam com isso. Fala sobre rótulos, aqueles que damos a uma pessoa com depressão, bipolaridade, TOC, como se elas se resumissem à doença que tem. Há críticas sobre a pouca importância que damos a doenças silenciosas como depressão,  bipolaridade. Muitas vezes negamos a nós mesmos que há algo de errado, seja conosco ou com outras pessoas que conhecemos, deixando passar por anos. Mas um dia tudo sempre vem à tona. E pode ser fatal.

Enfim, achei o livro um pouco cansativo no começo (até a metade rsrs) pelo fato de eles só estarem visitando lugares e fazendo coisas legais e loucas. Mas depois foi melhorando, começou a revelar um pouco mais sobre o que se passava pela cabeça de Finch e o que eram os “apagões” que ele tinha, bem como problemas familiares e traumas de sua vida, as coisas que o afligiam. Logo teve uma evolução significante, principalmente quando as coisas começam a fazer sentido. Theodore Finch não era apenas um garoto esquisito que falava e fazia coisas sem pensar. Vale muito a pena, o livro é emocionante.

>> E essas são algumas das minhas partes favoritas do livro:

“Aprendi que existem coisas boas no mundo, se você procurar por elas. Aprendi que nem todo mundo é uma decepção, incluindo eu mesmo, e que um salto a 383 metros de altura pode parecer mais alto que uma torre do sino se você estiver ao lado da pessoa certa.”

“Escuta, eu sou a aberração. Eu sou o aloprado. Eu sou o problemático. Eu me meto em brigas. Eu decepciono as pessoas. O que quer que faça, não deixe Finch bravo. Ah, lá “vai ele de novo, em uma daquelas fases. Finch mal-humorado. Finch irritado. Finch imprevisível. Finch louco. Mas não sou um conjunto de sintomas. Não sou uma vítima de pais horríveis e de uma composição química mais horrível ainda. Não sou um problema. Não sou um diagnóstico. Não sou uma doença. Não sou uma coisa que precisa ser salva. Sou uma pessoa”

Trecho de
Por lugares incríveis de
Jennifer Niven

NOTAS DA AUTORA


“A cada quarenta segundos, alguém no mundo se suicida. A cada quarenta segundos, quem fica tem de lidar com a perda.
Muito antes de eu nascer, meu bisavô morreu devido a um ferimento a bala que ele mesmo causou. Seu filho mais velho, meu avô, tinha só treze anos. Ninguém sabia se tinha sido intencional ou não — e como eram de uma cidadezinha no sul do país, meu avô e sua mãe e suas irmãs nunca discutiram isso. Mas aquela morte afetou nossa família por gerações. Há muitos anos, um menino que eu conhecia e amava se matou. Fui eu quem o encontrou. Eu não queria conversar sobre essa experiência com ninguém, nem com as pessoas mais próximas. Até hoje, vários familiares e amigos meus não sabem muito sobre isso, se é que sabem de alguma coisa. Durante bastante tempo, era doloroso até mesmo pensar nisso, quanto mais falar, mas é importante conversar sobre o que aconteceu.
Em Por lugares incríveis, Finch se preocupa muito com rótulos. Existe, infelizmente, um estigma em torno do suicídio e de transtornos mentais. Quando meu bisavô morreu, as pessoas fofocavam. Apesar de sua viúva e seus três filhos nunca falarem sobre aquele dia, eles se sentiam julgados e, em certa medida, discriminados. Meu amigo se matou e um ano depois perdi meu pai para o câncer. Eles estavam doentes durante a mesma época e morreram com um intervalo de catorze meses, mas a reação a suas doenças e mortes não poderia ter sido mais diversa. As pessoas raramente levam flores para um suicida.
Foi só ao escrever este livro que descobri meu próprio rótulo — “sobrevivente pós-suicídio” ou “sobrevivente do suicídio”. Felizmente, há muitas fontes para me ajudar a dar sentido a esse acontecimento trágico e entender como ele me afeta, assim como há muitos recursos para ajudar qualquer um, adolescente ou adulto, que esteja lutando contra problemas emocionais, depressão, ansiedade, instabilidade mental ou pensamentos suicidas.
Muitas vezes, transtornos mentais e emocionais não são diagnosticados porque a pessoa com os sintomas sente vergonha, ou porque as pessoas próximas não conseguem ou escolhem não reconhecer os sinais. De acordo com a Mental Health America, estima-se que haja 2,5 milhões de pessoas com transtorno bipolar nos Estados Unidos, mas o número verdadeiro deve ser duas ou três vezes maior que isso. A quantidade de pessoas com a doença que não são diagnosticadas ou que são mal diagnosticadas chega a oitenta por cento.
Se você acha que algo está errado, fale.
Você não está sozinho.
Não é sua culpa.
Existe ajuda para você.”

Trecho de
Por lugares incríveis
Jennifer Niven

ALGUNS DOS LUGARES INCRÍVEIS DE INDIANA DO PROJETO DE VIOLET E THEODORE


1. Hoosier Hill
O pico mais alto de Indiana.
Resultado de imagem para indiana Hoosier Hill

2. Conner Prairie
Museu interativo a céu aberto

3. The Levi Coffin House
A casa Levi Coffin era uma das paradas nas rotas de fuga clandestinas dos escravos americanos.
Resultado de imagem para indiana The Levi Coffin House

4. Lincoln Boyhood National Memorial
É um museu que preserva a fazenda onde o ex-presidente dos Estados Unidos viveu entre sete e vinte e um anos de idade.
Resultado de imagem para indiana Lincoln Boyhood National Memorial

5. James Whitcomb Riley's Boyshood Home
Casa e, agora, Museu onde viveu um artista que escrevia diversas obras para crianças.
Resultado de imagem para indiana James Whitcomb Riley's Boyhood Home

6. Painted Rainbow Bridge
Uma ponte arco-íris
Resultado de imagem para painted rainbow bridge indiana

7. Blue Hole Lake
Na saída da cidade de Prairieton está o Buraco Azul, um lago que inspirou uma série de lendas locais. Dizem que ele não tem fundo, que guarda tesouros piratas, é habitado por monstros. Há histórias de pessoas que foram nadar no lago e nunca mais voltaram.

8. The Purina Tower
Divisão de Ração animal da empresa Nestlé. De 1951 e tem 47 metros de altura. No final do ano, um conjunto de luzes é pendurado no topo, se assemelhando a uma árvore de Natal.


9. World's Largest Ball Of Paint
A história de Michael Carmichael e sua bola de tinta gigante é verídica. A bola foi criada a partir de camadas e camadas de tintas, pintadas sobre uma bola de baisebol desde 1977.